Em 1252, Afonso X, o Sábio, Rei de Castela (Espanha), que em 1256 foi proclamado rei e no ano seguinte imperador do Sacro Império Romano, convocou 50 astrônomos para revisar as tabelas astronômicas calculadas por Ptolomeu, que incluiam as posições dos planetas no sistema geocêntrico, publicado por Claudio Ptolomeu em 150dC, no Almagesto. Os resultados foram publicados como as Tabelas Alfonsinas.
Tycho Brahe (Thyge Ottesen Brahe) nasceu em 14 de dezembro de 1546, primeiro filho de Otte Thygensen Brahe e Beate Clausdatter Bille, uma família nobre da Dinamarca. Antes de seu nascimento, seu pai havia prometido que o daria a um tio, Jorgen, que era vice-almirante. Porém não cumpriu sua promessa. Após o nascimento de um irmão mais novo, Jorgen sequestrou o jovem Tycho, fato que o pai deste acabou aceitando devido à fortuna que o filho herdaria. Seu tio morreu depois, de pneunomia, após resgatar o rei Frederick II (1534-1588) de afogamento, quando este caiu de uma ponte retornando de uma batalha naval com os suecos.
Com 13 anos, Tycho foi estudar direito e filosofia na Universidade de Copenhague. Nesta época ocorreu um eclipse parcial do Sol, que havia sido predito com exatidão. Tycho ficou muito impressionado que os homens soubessem o movimento dos astros com exatidão para poder prever suas posições. Aos 16 anos, seu tio o enviou a Leipzig, na Alemanha, para continuar seus estudos de direito. Mas ele estava obcecado com a Astronomia, comprou livros e instrumentos e passava a noite observando as estrelas. Em 17 de agosto de 1563, Júpiter passou muito perto de Saturno; Tycho descobriu que as Tabelas Alfonsinas erraram por um mês ao predizer o evento, e as tabelas de Copérnico erraram por vários dias. Ele decidiu que melhores tabelas poderiam ser calculadas após observações exatas e sistemáticas das posições dos planetas por um longo período de tempo, e que ele as realizaria.
Em 1572, outro evento importante aconteceu. Em 11 de novembro, Tycho notou uma nova estrela na constelação de Cassiopéia, mais brilhante que Vênus. A estrela era tão brilhante que podia ser vista à luz do dia, e durou 18 meses. Era o que hoje em dia se chama de uma supernova, um evento raro. A grande pergunta era se esta estrela estava na alta atmosfera da Terra, mais perto do que a Lua, onde mudanças podiam ocorrer, ou se estava no céu, contradizendo o dogma do grego Aristóteles, incorporados pelos cristãos, de que a esfera celeste era imutável. Tycho tinha recém terminado a construção de um sextante com braços de 1,6 metros, com uma escala calibrada em minutos de arco, muito mais preciso do que qualquer outro já construído até então, e demonstrou que a estrela se movia menos do que a Lua e os planetas em relação às outras estrelas e, portanto, estava na esfera das estrelas. Publicou suas observações no De Nova et Nullius Aevi Memoria Prius Visa Stella (Sobre a Nova e Previamente Nunca Vista Estrela), em Copenhague em 1573.
Em 1575 Tycho já era famoso em toda a Europa, e o Rei Frederick II, que seu tio havia salvo, ofereceu-lhe uma ilha inteira, chamada Hveen, perto do castelo de Hamlet em Elsinore. A Dinamarca pagaria a construção de um observatório, e os habitantes da ilha, cerca de 40 famílias, se tornariam seus súditos.
Tycho então construiu seu castelo dos céus, Uraniburg, e vários instrumentos. Vários relógios (clepsidras, baseadas no escorrimento da água, ampulhetas de areia, velas graduadas ou semelhantes) eram usados ao mesmo tempo para medir as observações o mais precisamente possível, e um observador e um marcador de tempo trabalhavam juntos. Com seus assistentes, Tycho conseguiu reduzir a imprecisão das medidas, de 10 minutos de arco deste o tempo de Ptolomeu, para um minuto de arco. Foi o primeiro astrônomo a calibrar e checar a precisão de seus instrumentos periodicamente, e corrigir as observações por refração atmosférica. Também foi o primeiro a instituir observações diárias, e não somente quando os astros estavam em configurações especiais, descobrindo assim anomalias nas órbitas até então desconhecidas.
Em 1588 publicou Mundi Aetherei Recentioribus Phaenomenis (Sobre o Novo Fenômeno no Mundo Etéreo), em Uraniburg, sobre suas observações do cometa que apareceu em 1577, demonstrando que o cometa se movia entre as esferas dos planetas, e, portanto, que o "céu" não era imutável, e as "esferas cristalinas", concebidas na tradição greco-cristã, não eram entes físicos.
Tycho propôs seu próprio modelo, em que todos os planetas giravam em torno do Sol, com exceção da Terra. O Sol e a Lua, em seu modelo, giravam em torno da Terra.
Ainda em 1588, o rei faleceu e Tycho foi desatencioso com o novo rei, Christian IV, e com a alta corte de justiça. Seus rendimentos foram drasticamente reduzidos, e em 1597 Tycho deixou a Dinamarca com todos seus equipamentos. Em 1598 publicou Astronomiae Instauratae Mechanica (Instrumentos para a Astronomia Restaurada), em Wandsbeck.
Em 1599 ele chegou em Praga, onde o Imperador Rudolph II o nomeou matemático imperial, e pôde continuar suas observações. Em 1600 contratou Johannes Kepler para ajudá-lo, e faleceu em 24 de outubro de 1601. Está enterrado na Igreja Tyn, em Praga.
Por ter corpo frágil e pelas poucas condições financeiras
da família, foi enviado ao seminário para seus estudos.
Em setembro de 1588 Kepler passou o exâme de admissão (bacharelado)
da Universidade de Tübingen, mas só iniciou seus estudos lá
em 17 de setembro de 1589, onde estudava teologia no seminário
Stift. Em 10 de agosto de 1591 foi aprovado no mestrado, completando
os dois anos de estudos em Artes, que incluia grego, hebreu,
astronomia e física.
Iniciou então os estudos de teologia,
estudando grego com Martin Crusius, matemática e astronomia
com Michael Maestlin, aprendendo com este sobre Copérnico,
embora seu mestre defendesse o modelo geocêntrico
do Almagesto de Ptolomeu.
Antes de completar seus
estudos, Kepler foi convidado a ensinar matemática no
seminário protestante (Stiftsschule)
de Graz, na Áustria, onde chegou
em 11 de abril de 1594.
Seu trabalho, além de ensinar matemática, que se conectava com
a astronomia, também incluía a posição de matemático
e calendarista do distrito.
Note que naquela época, o calendarista deveria prever o clima, dizendo a melhor data para plantar e colher, prever guerras e epidemias e mesmo eventos políticos. Kepler fazia os calendários porque era sua obrigação, mas tinhas sérias restrições à sua veracidade, dizendo por exemplo: "Os céus não podem causar muitos danos ao mais forte de dois inimigos, nem ajudar o mais fraco... Aquele bem preparado supera qualquer situação celeste desfavorável." E mais, Kepler usava os calendários para instigar cuidados, disfarçados como prognósticos, para prevenir doenças.
No início de 1597, Kepler publica seu primeiro livro, Prodromus dissertationum cosmographicarum continens mysterium cosmographicum de admirabili proportione orbium celestium deque causis coelorum numeri, magnitudinis, motuumque periodicorum genuinis et propiis, demonstratum per quinque regularia corpora geometrica, cujo título abreviado é Mysterium Cosmographicum (Mistérios do Universo). Neste livro defendia o heliocentrismo de Copérnico, e propunha que o tamanho de cada órbita planetária é estabelecido por um sólido geométrico (poliedro) circunscrito à órbita anterior. Este modelo matemático poderia prever os tamanhos relativos das órbitas. Kepler enviou um exemplar para Tycho Brahe, que respondeu que existiam diferenças entre as previsões do modelo e suas medidas. Um exemplar enviado a Galileo, 8 anos mais velho que Kepler, fez este enviar uma pequena carta a Kepler agradecendo mas dizendo que ainda não havia lido, e dizendo que acreditava na teoria de Copérnico.
Em setembro de 1598, o arquiduque da Áustria, príncipe Ferdinando de Habsburgo, líder da Contra-Reforma Católica, fechou o colégio e a igreja protestante em Graz, e ordenou que todos os professores e padres deixassem a cidade imediatamente. Kepler foi autorizado a retornar a cidade, como matemático do distrito, onde permaneceu até agosto de 1600, quando foi expulso definitivamente da cidade por recusar-se a se converter ao catolicismo.
Em junho de 1599 o imperador Rudolph II, da Boêmia, contratou Tycho Brahe como matemático da corte em Praga. Em janeiro de 1600 Kepler, então com 28 anos, visitou-o no castelo de Benatky, que o imperador tinha colocado à disposição de Tycho. Kepler sabia que somente com os dados de Tycho Brahe poderia resolver as diferenças entre os modelos e as observações. Tycho não acreditava no modelo de Copérnico por motivos teológicos, mas também porque acreditava que fosse possível medir a paralaxe das estrelas, que o modelo de Copérnico assumia à distância infinita. A paralaxe das estrelas só foi medida em 1838, pela primeira vez, por Friedrich Wilhelm Bessel.
Kepler já tinha observado eclipses e mesmo as estrelas, procurando medir a paralaxe, mas seus instrumentos eram muito rudes, e sua vista muita fraca.
Em 19 de outubro de 1600, Kepler, abandonado por seus antigos mestres por suas convicções na teoria heliocêntrica de Copérnico, e também por suas tendências Calvinistas, não aceitando os dogmas incondicionalmente, começou a trabalhar para Tycho Brahe em Praga. Ainda em 1600, Giordano Bruno (1548-1600) é queimado em Roma por heresia, desde questionar a virgindade da Virgem Maria, a transubstanciação da óstia durante a missa, e propor a existência de muitos mundos. Em setembro de 1601 Kepler retornou a Praga depois de uma visita a Graz para acertar a herança de seu sogro, e Tycho já havia instalado seus instrumentos, que haviam sido trazidos de Hveen. Tycho o apresentou ao imperador, que o contratou como assistente de Brahe. Logo depois, em 24 de outubro de 1601, Brahe morreu. Dois dias depois o imperador nomeou Kepler como matemático imperial, sucedendo Brahe na tarefa de calcular as Tabelas Rudolfinas, com a previsão das posições dos planetas.
Kepler começou imediatamente a trabalhar no cálculo da órbita de Marte, e em 1602 descobriu a Lei das Áreas, mas não conseguiu fitar a forma da órbita. Se a órbita fosse circular, bastariam 3 observações, pois 3 pontos definem um círculo. Os pontos deveriam ser observados em oposição, já que em oposição é irrelevante se é a Terra ou o Sol que se movem, pois os três corpos estão alinhados. Tycho tinha observado 10 oposições de Marte entre 1580 e 1600, às quais Kepler depois adicionou as de 1602 e 1604. Naturalmente qualquer conjunto de 3 observações deveria resultar na mesma órbita. Como Marte é o planeta externo com maior excentricidade, dos conhecidos então, um círculo não fitava as observações. Mesmo introduzindo um equante Kepler não conseguia fitar as observações com erro menor que 8', enquanto a precisão das observações de Tycho eram da ordem de 1'. Em 1605 Kepler descobriu que a órbita era elíptica, com o Sol em um dos focos. Estes resultados foram publicados no Astronomia Nova, em 1609.
Em 1604 Kepler completou o Astronomiae pars Optica (Ad Vitellionen Paralipomena, quibur Astronomiae Pars Optica traditur), considerado o livro fundamental da ótica, onde explicou a formação da imagem no olho humano, explicou como funciona uma câmara obscura, descobriu uma aproximação para a lei da refração, estudou o tamanho dos objetos celestes e os eclipses, deduzindo a relação que o fluxo cai com o quadrado da distância. Neste livro ele definiu como foco o ponto de convergência das cônicas, estudadas por Apollonius de Perga (225 aC-190 aC), e descobriu que uma lente parabólica era melhor do que uma lente esférica, já que a lente parabólica tem foco fora do centro, enquanto uma lente esférica tem aberração esférica e, portanto, nem sempre um círculo ou esfera é o melhor. Este trabalho, um ano antes dele se convencer que a órbita de Marte era uma elipse, foi o caminho que levou a descoberta.
Em 17 de outubro de 1604 Kepler observou a nova estrela (supernova) na constelação de Ophiucus, junto a Saturno, Júpiter e Marte, que estavam próximos, em conjunção. A estrela competia com Júpiter em brilho. Kepler imediatamente publicou um pequeno trabalho sobre ela, mas dois anos depois publicou um tratado, descrevendo o decaimento gradual de luminosidade, a cor, e considerações sobre a distância que a colocava junto com as outras estrelas.
Em 1610 Kepler leu o livro com as descobertas de Galileo usando o telescópio, e escreveu um longa carta em suporte publicada como Dissertatio cum Nuncio Sidereo (Conversa com o Mensageiro Sideral). Em agosto de 1610 ele usou um telescópio dado por Galileo ao duque da Bavária, Ernst de Cologne, para observar os satélites de Júpiter, publicando Narratio de Observatis Quatuor Jovis Satellitibus (Narração das Observações dos Quatro Satélites de Júpiter). Estes tratados deram grande suporte a Galileo, cujas descobertas eram negadas por muitos. Os dois trabalhos foram republicados em Florença.
Kepler também estudou as leis que governam a passagem da luz por lentes e sistemas de lentes, inclusive a magnificação e a redução da imagem, e como duas lentes convexas podem tornar objetos maiores e distintos, embora invertidos, que é o princípio do telescópio astronômico. Estudou também o telescópio de Galileo, com uma lente convergente como objetiva e uma lente divergente como ocular. Estes estudos foram publicados no Dioptrice, em 1611.
Em 1612, com a morte do Imperador Rudolph II, que havia abdicado em 23 de maio de 1611, Kepler aceitou a posição de matemático e professor do colégio distrital em Linz, mas mantendo seu título de astrônomo imperial. Lá publicou o primeiro trabalho sobre a cronologia e o ano do nascimento de Jesus, em alemão em 1613 e, ampliado, em Latim em 1614: De vero Anno, quo aeternus Dei Filius humanam naturam in Utero benedictae Virginis Mariae assumpsit (Sobre o Verdadeiro Ano em que o Filho de Deus assumiu a Natureza Humana no Útero da Sagrada Virgem Maria). Neste trabalho Kepler demonstrou que o calendário Cristão estava em erro por cinco anos, pois Jesus tinha nascido em 4 a.C., uma conclusão atualmente aceita. O argumento é que em 532 d.C., o abade Dionysius Exiguus assumiu que Cristo nascera no ano 754 da cidade de Roma, correspondente ao ano 46 do calendário Juliano, definindo-o como o ano um da era cristã. Entretanto vários historiadores afirmavam que o rei Herodes, que faleceu depois do nascimento de Cristo, morreu no ano 42 do calendário Juliano. Deste modo, o nascimento ocorrera em 41 do calendário Juliano, 5 anos antes do que Dionysius assumira.
Entre 1617 e 1621 Kepler publicou os 7 volumes do Epitome Astronomiae Copernicanae (Compendium da Astronomia Copernicana), que se tornou a introdução mais importante à astronomia heliocêntrica, e um livro texto de grande uso. A primeira parte do Epitome, publicada em 1617, foi colocada no Index de livros proibidos pela Igreja Católica em 10 de maio de 1619. A proibição por parte da Igreja Católica às obras sobre o modelo heliocêntrico começou pelo fato de Galileo ter escrito seu livro Siderius Nuncius (Mensagem Celeste) em 1610, despertando o interesse do povo. A razão da proibição era que no Salmo 104:5 do Antigo Testamento da Bíblia, está escrito: "Deus colocou a Terra em suas fundações, para que nunca se mova".
Em 1619 Kepler publicou Harmonices Mundi (Harmonia do Mundo), em que derivava que as distâncias heliocêntricas dos planetas e seus períodos estão relacionados pela Terceira Lei, que diz que o quadrado do período é proporcional ao cubo da distância média do planeta ao Sol. Esta lei foi descoberta por Kepler em 15 de maio de 1618.
Em 1617 sua mãe, Katharina, foi acusada de bruxaria (outras 6 mulheres foram condenadas no mesmo ano), em Württemberg, e ele, matemático imperial, a defendeu num longo processo. O processo se estendeu até 1621, quando, após 14 meses de prisão e ameaça iminente de tortura, ela foi liberada, morrendo em 13 de abril de 1622.
O ano de 1618 marcou o início da Guerra dos Trinta Anos, entre os Reformistas Protestantes e a Contra Reforma Católica, que devastou a região da Alemanha e Áustria. A posição de Kepler piorava, pois a Contra Reforma Católica aumentava a pressão sobre os protestantes na Alta Áustria, da qual Linz era a capital. Como Kepler era oficial da corte, ele estava isento do decreto que bania todos os protestantes da província. Neste período Kepler estava imprimindo as Tabulae Rudolphinae baseadas nas observações de Tycho Brahe e calculadas de acordo com suas órbitas elípticas. Estas tabelas incluiam a posição dos planetas e cálculos de eclipses. Quando uma rebelião ocorreu e Linz foi tomada, a oficina de impressão foi queimada, e com ela muito da edição já impressa. Em 1619 Kepler foi oficialmente excomungado pela Igreja Luterana. Várias fontes citam o ano da excomunhão como 1612, pois foi neste ano que o pastor de Linz, Daniel Hitzler (1576-1635), o excluiu dos ritos da igreja por suas crenças calvinistas [Jonh Calvin (1509-1564)], por exemplo que a Bíblia não contém erros, e que todos devem conhecer seu texto para sua salvação.
Kepler e sua família deixaram Linz em 1626. Sua família ficou em Regensburg, enquanto ele mudou-se para Ulm, para imprimir as Tabulae Rudolphinae, finalmente publicadas em 1627. Essas tabelas provaram-se precisas por um longo tempo, trazendo a aceitação geral ao sistema heliocêntrico. No apêndice elas incluiam uma tabela de logarítmos, uma tabela de refrações, e um catálogo de 1005 estrelas.
Apesar do nome de Kepler estar ligado à Astrologia,
ele diz: "Meus corpos celestes não eram o nascimento
de Mercúrio na sétima casa em quadratura com Marte,
mas Copérnico e Tycho Brahe; sem sua observações, tudo
o que eu pude trazer à luz estaria enterrado na escuridão."
Kepler então juntou-se à sua família em Regensburg, mas mudou-se
para Sagan em julho de 1628, como matemático do imperador
e do duque de Friedland. Em uma viagem, foi acometido de uma
doença aguda
em Regensburg, Alemanha, onde faleceu em 15 de novembro de 1630.
Referência: Kepler, escrito por Max Caspar, na tradução
em inglês publicada pela Dover, em 1993.
Em 1586 inventou a balança hidrostática para a determinação do peso específico dos corpos, e escreveu um trabalho La bilancetta, que só foi publicado após sua morte.
Em 1592 Galileu tornou-se professor de matemática na Universidade de Pádua, onde permaneceu por 18 anos, inventando em 1593 uma máquina para elevar água, uma bomba movimentada por cavalos, patenteada no ano seguinte. Em 1597 inventou uma régua de cálculo (sector), o "compasso geométrico-militar", um instrumento matemático com várias escalas.
Nesta época explicou que o período de um pêndulo não depende de sua amplitude, e propôs teorias dinâmicas que só poderiam ser observadas em condições ideais. Escreveu o Trattato di mechaniche, que só foi impresso na tradução para o latim do padre Marino Mersenne, em 1634, em Paris.
Em 1604 observou a supernova de Kepler, apresentando em 1605 três palestras públicas sobre o evento, mostrando que a impossibilidade de medir-se a paralaxe indica que a estrela está além da Lua, e que, portanto, mudanças ocorrem no céu. Nestas palestras, Galileo considera este evento uma prova da teoria heliocêntrica de Copérnico.
Em 1606 publica um pequeno trabalho, Le operazioni del compasso geometrico militare, e inventa o termoscópio, um termômetro primitivo.
Em maio de 1609 ele ouviu falar de um instrumento de olhar à distância que o holandês Hans Lipperhey havia construído, e mesmo sem nunca ter visto o aparelho, construiu sua primeira luneta em junho, com um aumento de 3 vezes.
Já em julho, Galileo foi nomeado Primeiro Matemático da Universidade de Pisa, e Filósofo e Matemático do Grão Duque da Toscana. Ainda em dezembro Galileo verificou que Vênus apresenta fases como a Lua, tornando falso o sistema geocêntrico de Ptolomeu, e provando que Vênus orbita o Sol.
A confirmação oficial das descobertas galileanas foi dada pelos poderosos padres jesuítas do Colégio Romano, que observaram os satélites de Júpiter por dois meses, em uma conferência solene realizada no Colégio em maio de 1611, na presença de Galileo. Esta conferência foi intitulada Nuncius sidereus Collegii Romani, e apresentada pelo padre Odo van Maelcote.
Retornando a Florença, Galileo participou de reuniões no palácio do Grão Duque Cósimo II em que discutia-se sobre o fenômeno da flutuação e suas possíveis explicações; Galileo expôs e defendeu a tese de Arquimédes (Archimedes de Siracusa, ca. 287-ca. 212 aC), de que um corpo flutua pela diferença do pêso específico do corpo e da água, ao qual se alinhou o Cardeal Maffeo Barberini (o futuro Papa Urbano VIII). Outros, como o Cardeal Federico Gonzaga, defendiam a tese de Aristóteles, de que um corpo flutua porque dentro dele há o elemento aéreo, que tende a subir. Cósimo II propôs que os debatentes registrassem seus argumentos, e Galileo escreveu Discorso intorno alle cose che stanno in su l'acqua o che in quella si muovono, publicado em 1612. Em sua introdução havia referência aos satélites de Júpiter e às manchas solares.
Galileo havia juntado assim grande quantidade de evidências em favor da teoria heliocêntrica, e escrevia em italiano para difundir ao público a teoria de Copérnico. Isto chamou a atenção da Inquisição, que após um longo processo e o exâme do livro de Galileo sobre as manchas solares, lhe dá uma advertência, onde o Cardeal Bellarmino lê a sentença do Santo Ofício de 19 de fevereiro de 1616, proibindo-o de difundir as idéias heliocêntricas.
Em 5 de março de 1616 a Congregação do Índice colocou o Des Revolutionibus de Copérnico no Índice de livros proibidos pela Igreja Católica, junto com todos livros que defendem a teoria heliocêntrica. A razão da proibição é porque no Salmo 104:5 da Bíblia, está escrito: "Deus colocou a Terra em suas fundações, para que não se mova por todo o sempre", além de referências similares no livro de Joshua.
Galileo se dedicou então a medir os períodos dos satélites de Júpiter, com a intenção de difundir seu uso para medir-se longitudes no mar, mas o método nunca foi usado por ser pouco prático.
Em agosto de 1623 o Cardeal Maffeo Barberini, amigo e patrono de Galileo, foi eleito papa e assumiu com o nome de Urbano VIII. Em abril de 1624 Galileo teve seis audiências com o papa, e este o liberou a escrever sobre a teoria de Copérnico, desde que fosse tratada como uma hipótese matemática. Galileo inventou o microscópio em 1624, chamado por ele de occhialini.
Em abril de 1630, Galileo terminou seu Dialogo di Galileo Galilei Linceo, dove ne i congressi di quattro giornate si discorre sopra i due massimi sistemi del mondo, tolemaico e copernicano (Diálogo dos Dois Mundos), e o enviou ao Vaticano para liberação para publicação. Recebendo autorização para publicá-lo em Florença, o livro saiu da tipografia Tre Pesci (Três Peixes) em 21 de feveiro de 1632. Note que Galileo não incluiu o sistema de Tycho Brahe, em que os planetas giram em torno do Sol, mas este gira em torno da Terra, o sistema de compromisso aceito pelos jesuítas. No Diálogo, Galileo refuta as objeções contra o movimento diário e anual da Terra, e mostra como o sistema de Copérnico explica os fenômenos celestes, principalmente as fases de Vênus. O livro é escrito não em latim, mas em italiano, e tem mais o caráter de uma obra pedagógico-filosófica do que estritamente científica. O papa, que enfrentava grande oposição política na época, enviou o caso para a Inquisição, que exige a presença de Galileo em Roma, para ser julgado por heresia. Apesar de ter sido publicado com as autorizações eclesiásticas prescritas, Galileo foi intimado a Roma, julgado e condenado por heresia em 1633. Em 22 de junho de 1633, em uma cerimômia formal no convento dos padres dominicanos de Santa Maria de Minerva, lida a sentença proibindo o Diálogo, e sentenciando seu autor ao cárcere, Galileo, aos setenta anos, renega suas conclusões de que a Terra não é o centro do Universo e imóvel. A sentença ao exílio foi depois convertida a aprisionamento em sua residência, em Arcetri, onde permaneceu até sua morte.
Apesar de praticamente cego, completa o Discorsi e dimonstrazioni matematiche intorno a due nuove scienze, attinenti alla meccanica e I movimenti locali (Discurso das Duas Novas Ciências, Mecânica e Dinâmica), contrabandeado para a Holanda pois Galileo havia sido também proibido de contato público e publicar novos livros. O livro foi publicado em Leiden em 1638, e trata das oscilações pendulares e suas leis, da coesão dos sólidos, do movimento uniforme, acelerado e uniformemente acelerado, e da forma parabólica da trajetórias percorrida pelos projéteis.
Apenas em 1822 foram retiradas do Índice de livros proibidos as obras de Copérnico, Kepler e Galileo, e em 1980, o Papa João Paulo II ordenou um re-exame do processo contra Galileo, o que eliminou os últimos vestígios de resistência, por parte da igreja Católica, à revolução Copernicana.
Referência Básica: Galileu Galilei, de Ludovico Geymonat, publicado em 1997 pela Editora Nova Fronteira.
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Biografias
Astronomia e Astrofísica