Na gravitação de Newton, as órbitas periódicas são sempre elipses. Quanto maior for a massa do corpo massivo, mais próxima será a órbita, e maior a velocidade da partícula, aumentando sem limites de modo que a energia cinética compense a energia gravitacional. Para um buraco negro, a teoria de Newton prediz uma velocidade orbital acima da velocidade da luz, mas na Relatividade de Einstein nenhum corpo com massa pode atingir a velocidade da luz, muito menos ultrapassá-la. A Relatividade Geral prediz órbitas dramaticamente diferentes das elipses ou cônicas das leis de Kepler. Esta página permite a exploração destas órbitas.
O poço gravitacional de um buraco negro de Schwarzschild tem uma
garganta em um raio determinado somente pela sua massa, o
horizonte de eventos.
Qualquer matéria ou energia que cruze este horizonte é capturada.
A garganta é o ponto mais à esquerda do gráfico do poço gravitacional,
onde a inclinação da geometria parabolóide torna-se infinita
(vertical). Se a partícula tiver momentum angular suficiente, ela
pode se aproximar do horizonte de eventos, assumindo que seja
pequena o sufiente para que as forças de maré não a quebrem,
mas nunca poderá cruzar o horizonte de eventos e retornar.
Clicando sobre as várias janelas e alterando os valores nos controles, você pode explorar diferentes cenários. Para pausar uma simulação, aperte o botão Pause à direita; pressione-o novamente para retornar à simulação. Clique em qualquer parte do gráfico orbital à direita para apagar o desenho da órbita e marca de apoastro. Você pode relançar a partícula teste a qualquer distância do buraco negro (com o mesmo momentum angular), clicando na distância desejada nos gráficos de Potencial Efetivo ou Poço Gravitacional. A linha verde no gráfico de Potencial Efetivo indica a energia mínima para a qual existe uma órbita circular, para dado momentum angular.
O momentum angular é especificado na caixa à esquerda, em termos do momentum angular por massa unitária do buraco negro, em unidades geométricas-- explicadas abaixo. É importante notar que, para as órbitas dos planetas no Sistema Solar, este número é enorme; somente nos campos gravitacionais fortes este número aproxima-se de pequenos valores. Se o momentum angular é menor que o valor crítico (, cerca de 3,464 para um buraco negro com massa=1 nestas unidades), nenhuma óribita estável existe; a partícula não tem momentum angular suficiente para evitar a queda no buraco negro. Quando você entra com um valor menor do que este, a garganta na curva de energia e a linha marcando a órbita circular estável desaparecem. Qualquer que seja a distância de lançamento da partícula, ela cairá no buraco negro.
A caixa Mass permite que você mude a massa do buraco negro, aumentando o raio do seu horizonte de eventos. Como a forma da órbita é determinada pela razão do momentum angular pela massa, é equivalente manter a massa como 1 e mudar o momentum angular. Você pode mudar a escala de todos os painéis alterando o valor do raio máximo; este valor torna-se o ponto mais a direita nos gráficos de Potencial Efetivo e Poço Gravitacional, e a distância entre o centro do buraco negro e a borda do gráfico da órbita. quando você muda o mometum angular ou a massa, a escala muda automaticamente para mostrar a órbita estável, se ela existe.
As leis de Kepler foram fundamentais para Newton formular a lei da gravitação universal em 1687.
Enquanto as leis de Kepler se aplicam somente à orbita dos corpos em volta do Sol, ou dos satélites em torno dos planetas, a teoria de Newton permite o cálculo do efeito gravitacional e o movimento de qualquer corpo, em qualquer lugar, e as observações concordavam perfeitamente com a teoria, até que após extensas observações e cálculos exaustivos, o astrônomo Simon Newcomb concluíu em 1898 que a órbita de Mercúrio estava precessionando 43 segundos de arco por século. Esta pequena discrepância foi confirmada posteriormente. Por quase 20 anos, a precessão da órbita de Mercúrio, ou o "avanço do periélio", permaneceu uma das anomalias que demandavam explicação.
Em 1915, a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein estendeu a teoria da gravitação de Newton, explicando o avanço do periélio de Mercúrio. Esta pequena discrepância na órbita de Mercúrio foi a primeira evidência que estava acima da teoria de Newton, o primeiro passo da estrada que levaria à compreensão dos buracos negros e ondas gravitacionais.
Se estamos interessados em domínios em que os efeitos relativísticos são substanciais, é mais adequado calculá-los em unidades apropriadas ao problema. Um escolha conveniente é a de unidades geométricas, obtida colocando a constante gravitational de Newton G, a velocidade da luz c, e a constante de Boltzmann k, iguais a 1. Podemos expressar qualquer das seguintes unidades como um comprimento em centímetros, multiplicando pelos seguintes fatores de conversão.
Quantidade | Unidade | cm Equivalentes |
---|---|---|
Tempo | segundo | 2,997930×1010 cm/seg |
Massa | grama | 0,7425×10-28 cm/g |
Energia | erg | 0,826×10-49 cm/erg |
Carga elétrica | e | 1,381×10-28 cm/e |
Temperatura | Kelvin | 1,140×10-65 cm/K |
Os coeficientes enormes mostram que estas unidades estão muito distantes da nossa experiência diária.
O potencial gravitacional efetivo para uma partícula teste orbitando na geometria de Schwarzschild é:
onde é o momentum angular por unidade de massa de respouso, expresso em unidades geométricas, M é a massa do corpo gravitacional, e r é a distância entre a partícula teste e o centro do corpo.
A distância de uma partícula do centro de atração envolve o tempo próprio (tempo medido por um relógio movendo-se com a partícula) de acordo com:
onde é a energia potencial da partícula teste, no infinito, por unidade de massa de repouso.
O movimento angular em torno do centro de atração é dado por:
enquanto o tempo medido por um observador distante é dado por:
e diminui quando a distância gravitacional se aproxima do horizonte de eventos. A uma distância gravitacional de 2M, o tempo medido a uma grande distância para completamente, de modo que a partícula nunca parece alcançar o horizonte de eventos. O tempo próprio, na partícula, continua a avançar; um observador na partícula passa pelo horizonte de eventos e continua em direção à singularidade central (a não ser pela força de maré que o estraçalha).
Para encontrar os raios das órbitas circulates possíveis, diferenciamos o potencial gravitacional efetivo com relação à distância r:
Os mínimos e máximos de uma função são os pontos em que a derivada é nula, de modo que um pouco de álgebra nos dá os raios das órbitas circulares:
A solução maior é o raio da órbita circular estável, enquanto a de menor valor é o da solução instável no máximo. Para um buraco negro, o raio será fora do raio gravitacional 2M, enquanto para qualquer outro objeto, este raio será menor que o diâmetro do objeto, indicando que tal órbita não existe. Se o momentum angular L² é menor que 12M², nenhuma órbita estável existe; o objeto colidirá com a superfície ou, no caso de um buraco negro, atravessará o horizonte de eventos e será engolido pelo buraco negro.