Uma companheira típica de uma estrela de massa baixa ou intermediária que perde massa é uma estrela de baixa massa ou uma anã branca. Para acréscimo em estrelas de baixa massa, a massa acretada torna-se quente no disco de acresção, o que faz a anã branca expandir quando recebe massa.
No caso de uma anã branca com cerca de , quando a camada acretada atinge cerca de , o hidrogênio queima-se termonuclearmente na camada acretada, e a estrela expande-se rapidamente, atingindo proporções de uma gigante vermelha. A receptora portanto também preenche seu lóbulo de Roche, e ao invés da transferência de massa da doadora para a receptora, ocorre a fase de envelope comum, isto é, ambos lóbulos de Roche são preenchidos e a matéria expelida pela primária preenche a região além dos lóbulos, formando um envelope comum em expansão.
A fricção entre a matéria do envelope comum e as estrelas imersas no envelope ao mesmo tempo causa a perda de massa do sistema e o espiralamentos das estrelas em direção à outra. Quando a maior parte da matéria rica em hidrogênio do envelope da estrela doadora passa pelo envelope comum e é perdida do sistema, o remanente compacto da primária e sua companheira estão em uma órbita mais próxima.O envelope comum foi proposto por Bohdan Paczynski (1940-2007), em seu artigo de 1976, no IAU Symposium 73, Structure and Evolution of Close Binary Systems, ed. Peter P. Eggleton, Simon Mitton e John Whelan (Dordrecht: Reidel), p.75.
Um exemplo deste processo é a binária V471 Tau, consistindo de uma anã branca com uma companheira vermelha aproximadamente 0,6 magnitudes acima da sequência principal. As estrelas têm massa similares, próximas de , e estão separadas por aproximadamente , cerca de cinco vezes o raio da estrela vermelha. Para produzir uma anã branca de , a precurssora deveria ter uma massa entre e e, portanto, deve ter atingindo um raio maior do que o raio no final da sequência principal, de , antes de preencher seu lóbulo de Roche. Além disto, como a companheira também tem somente , a maior parte da massa do sistema foi perdida, e a distância entre as estrelas reduzida.
Uma classe de binárias interagentes é a das Variáveis Cataclísmicas, em que a estrela que recebe massa é uma anã branca. Em geral a doadora é uma estrela de baixa massa e fria, uma anã vermelha. O período orbital típico é de algumas horas e a separação em geral menor do que o raio do Sol. Merle F. Walker, nos anos 1950, propôs que as variáveis cataclísmicas eram binárias. Seus brilhos mudam drasticamente e constantemente. A maioria possui discos de acresção. Com períodos orbitais entre 1 h e 12 h, se assumirmos que as duas estrelas têm massas da ordem da massa do Sol, obtemos separações entre 0,5 a 3 raios solares, da 3a. Lei de Kepler.
Outro grupo de variáveis cataclísmicas não magnéticas é o das novas anãs. Suas variações são de 2 a 5 magnitudes, mas ocorrem mais frequentemente do que nas novas, possivelmente causadas pela variação na taxa de acresção de massa pelo disco. Outro grupo é o das nova-like (parecidas com novas), que não sofrem variações extremas (outbursts) e, portanto, mantém o brilho médio. Em geral, a maior parte da luz visível destes sistemas vem do disco de acresção, pois o plasma é aquecido ao espiralar no potencial da estrela primária.
Uma classe similar de objetos é a dos Transientes de Raio-X (LMXB = Low Mass X-Ray Binaries), em que a receptora é uma estrela de nêutrons ou um buraco negro.
As estrelas em sistemas binários próximos com estrelas quentes (O ou Be) também são afetadas pelo vento estelar da estrela massiva e pelo própio aquecimento das camadas externas pela radiação da estrela massiva. Existem várias centenas de binárias que emitem raio X devido à incidência de vento da estrela massiva (HMXB = High Mass X-Ray Binaries).
Um Catálogo e Atlas de Variáveis Cataclísmicas, congelado em fevereiro de 2006, foi publicado por Ronald A. Downes, Ronald F. Webbink, Michael M. Shara, Hans Ritter, Ulrich Kolb, Hilmar W. Duerbeck (2001, Publications of the Astronomical Society of the Pacific, 113, 764).
Matt A. Wood, Joshua Dolence, & James C. Simpson (2006, Publications of the Astronomical Society of the Pacific, 118, 442), publicaram um programa de simulação (Smooth Particles Hydrodynamics) de discos de acresção, FITDisk, que mostra não só o sistema mas a curva de luz simulada.
Rob I. Hynes também tem um
programa de visualização
de sistemas binários.
Esta figura refere-se à Binária Transiente de Raio-X (LMXB) GRO J1655-40,
em que uma estrela secundária de 1,7 a 3,3 massas solares,
saindo da seqüência principal,
orbita um buraco negro com 5,5 a 7,9 massas solares, e depois de
30 anos sem atividades, mostrou várias explosões desde 1994
(The 1996
Outburst of GRO J1655-40:
Disc Irradiation and Enhanced Mass Transfer
Ann A. Esin, Jean-Pierre Lasota, Robert I. Hynes. 2000,
Astronomy & Astrophysics, 354, 987.
O Catalogue of Cataclysmic Binaries,
Low-Mass X-Ray Binaries and Related Objects
RKcat Edition 7.24 (31 Dec 2015),
de Hans Ritter e Ulrich Kolb,
contém 1429 CVs, 108 LMXBs, e 619 objetos correlatos.
Andrew Beardmore também tem um
programa de
visualização e imagens produzidas.
Branimir Sesar, Zeljko Ivezic & Mario Juric, 2017, Candidate Disk Wide Binaries in the Sloan Digital Sky Survey, The Astrophysical Journal, Volume 689, Issue 2, pp. 1244-1273, estimaram que separações de até θ0≃10" tem excesso de sistemas em relação à separações randomicas.
Yan-Fei Jiang & Scott Tremaine, 2010, The Evolution of Wide Binary Systems estimaram o efeito de forças de maré da Galáxia sobre sistemas binários, concluindo que sistemas com separação
são ligados, e separações maiores levam à lenta separação dos sistemas, ito é, para cerca de 40 mil UA de separação, vmaré/vorb≃0,1.
Comparando a energia de ligação de um sistema binário, E=-GM/2a, com a probabilidade de interação entre as estrelas do disco galático, estima-se que para separações maiores que a=0,1~pc=20 mil UA, binárias são destruídas em menos de 10 Ganos (Ernst Öpik 1932, Note on Stellar Perturbations of Nearly Parabolic Orbits, Proceedings of the American Academy of Arts and Sciences, Vol. 67, p. 169)
Jeff J. Andrews, Julio Chanamé & Marcel A. Aguero 2017, Wide binaries in Tycho-Gaia: search method and the distribution of orbital separations, Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, Volume 472, Issue 1, p.675-699 comprovaram que a partir de 40 mil UA de separação, muitos sistemas têm velocidade total acima da velocidade de ligação e portanto podem ser binárias ionizadas, grupo em comovimento ou estrelas alinhadas acidentalmente.
Morgan Fouesneau, Hans-Walter Rix; Ted von Hippel, David W. Hogg & Haijun Tain, 2019, Precise Ages of Field Stars from White Dwarf Companions, The Astrophysical Journal, Volume 870, Issue 1, article id. 9, 8 pp, publicaram idades precisas utilizando sistemas binários não interagentes.
©