Terceira lei de Kepler:

Duas relações das elipses são (veja o apêndice):
displaymath388
onde A é a área, a o semi-eixo maior e b o semieixo menor, e
displaymath396
Da lei das áreas, (5), temos:
displaymath398
Integrando-se sobre um período, P,
displaymath400
Substituindo-se b acima, e a definição do semi-lactus rectum,
displaymath404
Elevando-se (6) ao quadrado:
displaymath406
ou
displaymath408
Esta é a terceira lei de Kepler, generalizada por Newton,
displaymath410
Desta forma fica demonstrado que as tres leis de Kepler podem ser deduzidas das leis de Newton.

A ``constante'' de Kepler depende portanto da soma das massas dos corpos. No caso dos planetas do sistema solar, que orbitam o Sol, esta soma é praticamente igual à massa do Sol, e portanto aproximadamente constante.

Podemos calcular o valor das constantes, calculando-se o valor do momentum angular e da energia no periélio, já que são constantes. No periélio:
displaymath412

displaymath414
já que tex2html_wrap_inline202 e tex2html_wrap_inline418 são perpendiculares entre si. Para a energia (2), temos:
displaymath420
Por outro lado, da definição do semi-lactus rectum, temos tex2html_wrap_inline422. Substituindo-se h e tex2html_wrap_inline426 em E, temos:
displaymath428
pois tex2html_wrap_inline430,
displaymath432

displaymath434
que é válido para qualquer órbita cônica e mostra que o semi-eixo maior da órbita só depende da energia do sistema.

Da definição de semi-lactus rectum p,
displaymath438
Como a energia é definida por (8),
displaymath440
Escrevendo a excentricidade em termos da energia:
displaymath442

displaymath444
Logo, se:
displaymath446

displaymath448

displaymath450

Das equações (2) e (8), vemos que
displaymath452
logo
displaymath454
que é a equação da velocidade do sistema.

Da equação de velocidade se pode deduzir facilmente a velocidade de escape do sistema, que representa a velocidade mínima para que o corpo escape da atração gravitacional do sistema. Esta velocidade é por definição aquela com a qual o corpo chega com velocidade zero no infinito (v=0 em tex2html_wrap_inline458), o que representa um órbita parabólica, já que E=0. Neste caso,
displaymath462
já que da definição de velocidade e de órbita circular (tex2html_wrap_inline464):
displaymath466

Para um órbita circular, vemos que a energia total é negativa, já que:
displaymath468

Para um órbita hiperbólica, a energia total é positiva; a energia cinética é tão grande que a partícula pode escapar do sistema e se afastar dele. A parábola é o caso limite entre a órbita fechada (elipse) e a hipérbole. Halley, usando o método de Newton, encontrou que vários cometas têm órbita parabólica.

Assumimos até aqui que a órbita é um problema de dois corpos. Na realidade, os planetas interferem entre si, perturbando a órbita dos outros. Ainda assim suas órbitas não se desviam muito das cônicas, só que os elementos da órbita variam com o tempo e precisam ser calculados por aproximações sucessivas, pois a órbita não pode ser resolvida analiticamente. Além disto, mesmo só para dois corpos macroscópicos, com a Terra e a Lua, a solução de dois corpos não é exata, pois nem a Terra nem a Lua são esferas perfeitas, e portanto não se comportam como massas pontuais. Mais ainda, devido às marés, a Terra e a Lua não são sequer rìgidas.

Exemplos:

1) O Cometa Austin (1982g) se move em uma órbita parabólica. Qual foi sua velocidade em 8 de outubro de 1982, quando estava a 1,1 UA do Sol?

Como a órbita é parabólica, E=0, logo:
displaymath107

2) o semi-eixo do planetóide 1982RA é de 1,568UA e sua distância ao Sol em 8 de outubro de 1982 era de 1,17 UA. Qual era sua velocidade?
displaymath109


Próxima: Apêndice: Propriedades de uma elipse
Volta: Problema de dois corpos
Anterior: Segunda lei de Kepler

Volta Introdução à Astronomia e à Astrofísica

kepler@if.ufrgs.br
Modificada em 27 Out 1997