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Populações Estelares
Walter Baade
[Wilhelm Heinrich Baade (1893-1960)],
contemporâneo de Edwin Hubble no
observatório de Mount Wilson,
estudando a galáxia Andrômeda,
notou que podia distinguir claramente as estrelas
azuis nos braços espirais da galáxia, e
propôs o termo População I
para estas estrelas azuis dos braços,
e População II para as estrelas vermelhas visíveis
no núcleo da galáxia. Atualmente, utilizamos essa
nomenclatura mesmo para estrelas da nossa Galáxia e
sabemos que as estrelas de População I são estrelas
jovens, como o Sol, com menos de digamos 7 a 9 bilhões de anos,
ricas em metais, isto é, com conteúdo
metálico (qualquer elemento acima do He) de cerca de 2%,
enquanto que a População II corresponde a estrelas
velhas, com cerca de 10 a 12 bilhões de anos, e pobres em metais,
isto é, com menos de 1% em metais.
Sumário das propriedades das populações estelares
Propriedade | População I | População II |
Localização | disco e braços espirais | bojo e halo |
Movimento | confinado ao plano | se afastando do plano |
| órbitas quase circulares | órbitas excêntricas |
Idade | < 7 a 9 ×109 anos | > 9 ×109 anos |
Abundância de
elementos pesados | 1 - 2 % | 0,1 - 0,01% |
Cor | azul | vermelha |
Exemplos | estrelas O,B | estrelas RR Lyrae |
| aglomerados abertos | aglomerados globulares |
| regiões HII | nebulosas planetárias |
Estrelas de população III são, por definição, as primeiras
estrelas formadas na galáxia. Nos modelos homogêneos
de Universo, a nucleosíntese
do Big Bang só formou 10-13 a 10-16 de carbono,
lítio
e berílio, além do hidrogênio, deutério e hélio.
Portanto as estrelas de população III deveriam ter
[Fe/H]<-10, onde a nomenclatura [X]= logX
- logXSol.
As estrelas de menor metalicidade
conhecidas na nossa Galáxia
são
- a estrela SMSS J031300.362670839.3, com Tef=5125 K, descoberta por
Stefan C. Keller e colaboradores (2014, Nature, doi:10.1038/nature12990),
com
[Fe/H]=log(NFe/NH-(log(NFe/NH)Sol<-7,1,
mas com Mg (-4,3), C (-2,4) e Ca (-7,2) detectáveis.
-
a estrela de sequência principal HE1327-2326
com
[Fe/H]=log(NFe/NH-(log(NFe/NH)Sol=-5,4±0,2
(Anna Frebel, Wako Aoki, Norbert Christlieb, Hiroyasu Ando, Martin Asplund,
Paul S. Barklem, Timothy C. Beers, Kjell Eriksson, Cora Fechner,
Masayuki Y. Fujimoto, Satoshi Honda, Toshitaka Kajino, Takeo Minezaki,
Ken'ichi Nomoto, John E. Norris, Sean G. Ryan, Masahide Takada-Hidai,
Stelios Tsangarides & Yuzuru Yoshii.
2005, Nucleosynthetic signatures of the first stars, Nature, 434, 871),
-
a gigante do halo
HE 0107-5240, com [Fe/H] = -5,3±0,2 e massa 0,8 MSol,
- SDSS J102915+172927 com [Fe/H]= -4.99,
sem enriquecimento de carbono (Cau et al. 2011, Nature 477, 67).
-
as gigante CD-38:245, com [Fe/H]=-4,0 e
e
2MASS J18082002-5104378 (V = 11.9), com [Fe/H] = -4.1 dex
(
Jorge Meléndez, Vinicius M. Placco, Marcelo Tucci-Maia, Iván Ramírez, Ting S. Li, e Gabriel Perez,
2016,
Astronomy & Astrophysics, 585, L5);
- algumas estrelas de sequência
principal, como a G64-12, com [Fe/H] = -3,5 dex
(Norbert Christlieb,
Michael S. Bessell, Timothy C. Beers, Bengt Gustafsson,
Andreas J. Korn,
Paul S. Barklem, Torgny Karlsson, Michelle Mizuno-Wiedner
& Silvia Rossi, 2002, Nature, 419, 904).
Nota: Existem modelos assimétricos de Big Bang, com flutuações
de densidade, que formam quantidades pequenas até de ferro, mas
estes modelos prevêm que nestas regiões de maior densidade
a quantidade de hélio, por massa, deveria ser de 36%, enquanto só
medimos quantidades próximas de 25%, como
previsto nos modelos homogêneos.
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Modificada em 23 nov 2024